Contribuição Para O Estudo Dos Rhinotragini (Coleoptera, Cerambycidae). Vi. Ecliptoides Tavakilian & Peñaherrera-Leiva
Author
Martins, Ubirajara R.
. Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42.494, 04218 - 970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza @ usp. br &. Pesquisador do CNPq.
Author
Santos-Silva, Antonio
. Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42.494, 04218 - 970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza @ usp. br &. E-mail: toncriss @ uol. com. br
Author
Clarke, Robin O. S.
. Hotel Flora & Fauna, Casilla 2097, Santa Cruz de la Sierra, Bolivia. E-mail: hotelfandf @ hotmail. com
text
Papéis Avulsos de Zoologia
2012
2012-12-20
52
38
477
506
journal article
10.1590/S0031-10492012021800001
1807-0205
13261175
Ecliptoides eunomia
(
Newman, 1841
)
,
comb. nov.
(
Figs. 8, 9
)
Odontocera eunomia
Newman, 1841: 92
; Blackwel- der, 1946: 576 (checklist);
Monné, 1993: 23
(cat.);
Monné & Giesbert, 1994: 96
(checklist); Monné, 2005: 487 (cat.);
Monné & Hovore, 2005: 121
(checklist); 2006: 121 (checklist).
Ommata
(
Eclipta
)
eunomia
var.
nigrilatera
Gounelle, 1911: 24
;
Monné, 1993: 23
(
syn.
).
Diagnose:
Ecliptoides eunomia
difere das demais espécies do gênero, principalmente, pela ausência de pelos eretos, no terço ou metade anterior dos élitros.
Macho
(
Fig. 9
): Tegumento alaranjado; escapo, pedicelo, 3/4 basais do antenômero
III
, 2/3 apicais dos antenômeros IV-V, metade apical dos antenômeros VI-VII, terço apical dos antenômeros
VIII-XI
pretos; pronoto preto; laterais do protórax preta, largamente arredondada na parte inferior; escutelo preto; élitros pretos, exceto: mancha alaranjada e alongada no quarto látero-basal; mancha longitudinal alaranjada, da base ao terço apical, larga na base e estreita para o seu ápice, que não atinge a sutura; meso- e metasterno pretos nas laterais e acastanhados em direção ao centro; metepisterno preto; clava dos metafêmures pretas; pro- e mesotíbias enegrecidas no extremo apical; protíbias dorsalmente acastanhadas (mais claras na base); meso- e metatíbias pretas com o extremo basal acastanhado; tarsômeros I e
V
, maior parte do II e pretos; tarsômero
III
acastanhado; urosternito I e
V
castanho-escuros nas laterais; urosternitos II-IV castanho-escuros nas laterais e acastanhados no centro.
Pilosidade geral amarelada e pubescência branco-acinzentada; antenômeros e pernas posteriores com cerdas castanho-escuras ou acastanhadas. Cabeça com alguns pelos longos na fronte, labro e face ventral (mais abundantes nas laterais da última). Pronoto pubescente, principalmente nas laterais, entremeada por alguns pelos longos. Laterais e face ventral (exceto uma larga faixa na margem anterior, que apresenta pelos curtos entremeados por pelos mais longos) do protórax distintamente pubescentes. Élitros distintamente pubescentes, sem pelos longos na metade basal.
Fronte e vértice com pontuação densa e confluente (pouco evidente na fronte). Pontuação do pronoto não notavelmente grossa; disco com três calosidades longitudinais, moderadamente marcadas, que não atingem as margens. Pontuação elitral moderadamente grossa e abundante em toda extensão (pouco distinta). Urosternitos sem pontos grossos e profundos.
Comprimento da área entre a base dos lobos oculares inferiores e o ápice do labro igual a 1,1 vezes o comprimento do lobo ocular inferior. Distância entre os lobos oculares inferiores igual a 0,6 vezes a largura de um lobo. Antenas ultrapassam o ápice elitral aproximadamente na metade do antenômero
XI
; pedicelo com aproximadamente um terço do comprimento do antenômero
III
; clava antenal um pouco mais distinta a partir do antenômero IX, não notavelmente alargada; antenômeros IX-X nitidamente mais longos do que largos.
Élitros atingem o ápice do urosternito II, deiscentes na metade apical; ângulos apicais salientes (principalmente o externo). Metafêmures atingem o ápice do urosternito
IV
. Metatarsômero I mais longo do que II-V reunidos.
Fêmea
(
Fig. 8
): As principais diferenças são: face dorsal da clava dos profêmures castanho-escura e restante acastanhada; clava dos mesofêmures enegrecida; comprimento da área entre a base dos lobos oculares inferiores e o ápice do labro igual a 1,4 vezes o comprimento do lobo ocular inferior; distância entre os lobos oculares inferiores igual 1,1 vezes a largura de um lobo; antenas não atingem o ápice elitral.
Variação:
Macho – área dorsal da cabeça, entre os olhos e o protórax, preta; escapo de acastanhado até preto; área preta dos antenômeros III-XI um pouco variável no comprimento; pronoto de inteiramente alaranjado até completamente preto, não raro, preto com áreas irregulares alaranjadas; laterais do protórax de inteiramente alaranjada até preta (quando preta, a parte inferior pode ser irregular ou distintamente arredondada); face ventral do protórax com uma mancha grande a cada lado, losangular e preta (às vezes, acastanhada e não bem delimitada); escutelo alaranjado; mancha alaranjada do disco elitral pode atingir a sutura e com comprimento bastante variável, podendo ser restrita ao quarto basal e ser muito estreita (em nenhum dos espécimes examinados essa mancha atinge o ápice elitral; em um espécime apenas indicada); mesosterno totalmente alaranjado; laterais do meso- e metasterno castanho-escuros; parte clara das meso- e metatíbias pode ser alaranjada e envolver todo o terço basal; protarsômeros podem ser acastanhados, principalmente base do II e todo o
III
; região clara dos urosternitos I e
V
pode ser acastanhada ou alaranjada; élitros com alguns pelos longos no terço basal; comprimento da área entre a base dos lobos oculares inferiores e o ápice do labro de 1,0 a 1,1 vezes o comprimento do lobo ocular inferior; distância entre os lobos oculares inferiores de 0,4 a 0,6 vezes a largura de um lobo; metafêmures atingem o ápice elitral. Fêmea – clava dos profêmures escurecida apenas no terço dorso-apical; clava dos mesofêmures castanho- -escura na face dorsal e acastanhada na face ventral; urosternitos totalmente alaranjados; comprimento da área entre a base dos lobos oculares inferiores e o ápice do labro de 1,2 a 1,4 vezes o comprimento do lobo ocular inferior; distância entre os lobos oculares inferiores de 0,8 a 1,1 vezes a largura de um lobo.
Dimensões em mm
(
♂
/
♀
): Comprimento total, 5,7-7,3/6,2-8,9; comprimento do protórax, 1,1-1,6/1,3-1,6; largura anterior do protórax, 0,7-1,0/0,8-1,2; largura posterior do protórax, 0,8-1,1/0,9-1,2; largura umeral, 0,9-1,2/1,1-1,4; comprimento elitral, 2,8-3,5/2,7-4,0. Dimensões na descrição original, Newman (1941): “Corp. long..35 unc. Lat..05 unc.”.
Tipos, localidades-tipo:
De
Odontocera eunomia
–
Holótipo
, sexo não especificado, coletado no
Brasil
(próximo do
Rio de Janeiro
), depositado na coleção
OXUM
(ex-coleção
Miers
)
.
Verificamos
através da fotografia do
holótipo
enviada por
James E. Hogan
(
OXUM
) que o
holótipo
(
Fig. 8
) é uma fêmea.
De
Ommata
(
Eclipta
)
eunomia
var.
nigrilatera
–
Descrita
com base em quantidade de espécimes e sexo não especificados, provenientes do
Brasil
(
Goiás
,
Minas Gerais
e
São Paulo
).
Os
sintipos estão depositados no
MNHN
e
BMNH
.
FIGURAS 5‑10: 5.
Ecliptoides quadrivittatus
,
holótipo macho, vista dorsal;
6.
E. curvatovittata
(=
E. bivitticollis
), parátipo fêmea, vista dorsal (foto de H. Schmid);
7.
E. bivitticollis
,
macho, vista dorsal;
8.
E. eunomia
,
holótipo fêmea, vista dorsal (foto de James E. Hogan);
9.
idem, macho, vista lateral;
10.
E. schmidi
sp. nov.
, holótipo macho, vista dorsal.
Distribuição geográfica:
Brasil
[
Bahia
(
Monné, 1993
);
Goiás
(
Gounelle, 1911
);
Minas Gerais
(
Gounelle, 1911
);
Espírito Santo
(novo registro formal);
Rio de Janeiro
(Newman, 1941);
São Paulo
(
Gounelle, 1911
);
Paraná
(
Gounelle, 1911
);
Santa Catarina
(
Gounelle, 1911
);
Rio Grande do Sul
(
Gounelle, 1911
)],
Argentina
[
Misiones
(Bruch, 1912)].
Monné (1993)
registrou como ocorrência de
Ommata
(
Eclipta
)
eunomia
:
“
Brazil
(
Bahia
to
Rio Grande do Sul
) and
Argentina
”. Essa distribuição no
Brasil
sugere a inclusão do estado do
Espírito Santo
. No entanto, não encontramos nenhum registro formal para os estados da
Bahia
e
Espírito Santo
. Este último, inclusive pode apenas ser inferido pela distribuição registrada por
Monné (1993)
.
♀
,
31.X.1924
,
M. Witte
col. (
MZUSP
);
Tijucas do Sul
,
2 ♂♂
,
3 ♀♀
,
23.
XI
.1979,
M. Hoffmann
col. (
MCNZ
).
Santa Catarina
:
Anita Garibaldi
,
2 ♂♂
,
XI
.1950,
Dirings
(
MZUSP
)
;
♂
,
IV
.1953,
Dirings
(
MZUSP
);
Joinville
(
Rio Bracinho
)
,
♀
,
X.1944
,
Dirings
(
MZUSP
);
Mafra
,
♂
,
♀
,
XII.1931
,
A. Maller
col. (
MZUSP
);
Seara
(
Nova Teutônia
)
,
2 ♀♀
,
X.1935
,
B. Pohl
col. (
MZUSP
)
;
♂
,
♀
,
XI
.1935
,
B. Pohl
col. (
MZUSP
);
♂
,
15.X.1935
, [sem nome do coletor]
Discussão:
Monné & Giesbert (1992)
sinonimizaram
Ommata
(
Eclipta
)
plaumanni
com
O.
(
E.
)
eunomia
.
O exame das descrições originais, fotografias dos tipos e material depositado no
MZUSP
, demonstrou que essas espécies não são sinônimas (vide “Diagnose”).
Conforme comentado por
Bates (1873)
e
Gounelle (1911)
,
E. eunomia
apresenta notável variabilidade na coloração. Assim, entre a subespécie (descrita como variedade)
Ecliptoides eunomia nigrilatera
e a forma típica, existem formas intermediárias, não relacionadas à distribuição geográfica, o que demonstra que
Monné (1993)
estava correto ao considerá-la um sinônimo.
Material examinado:
BRASIL
,
Minas Gerais
:
Coronel Pacheco
,
♀
, [sem data e nome do coletor] (
MZUSP
)
;
Passa Quatro
,
♀
,
XI
.1915
,
Jaeger
col. (
MZUSP
)
;
♂
,
18.
XI
.1915
,
J.F. Zikán
col. (
MZUSP
)
;
♂
,
4 ♀♀
,
27.X.1916
,
Jaeger
col. (
MZUSP
)
;
3 ♂♂
,
7 ♀♀
,
29.X.1916
,
Jaeger
col. (
MZUSP
)
;
♀
,
XI
.1916
,
Jaeger
col. (
MZUSP
)
;
♀
,
01.
XI
.1916
,
Jaeger
col. (
MZUSP
); (
Fazenda
dos
Campos
)
,
♀
,
03.I.1918
,
J.F. Zikán
col. (
MZUSP
)
.
Espírito Santo
:
Fazenda Jerusalém
,
3 ♂♂
,
15.
XI
.1913
,
J.F. Zikán
col. (
MZUSP
)
;
Linhares
,
♀
,
X.1972
,
P.C. Elias
col. (
MZUSP
)
.
São Paulo
:
Itu
(
Fazenda Pau
d’alho),
♂
,
XII.1958
, U.
R
.
Martins
col. (
MZUSP
)
;
5 ♂♂
,
2 ♀♀
,
30.IX.1972
,
M.A. Monné
col. (
MZUSP
)
;
2 ♂♂
,
♀
,
10.
XI
.1973
,
M.A. Monné
col. (
MZUSP
)
;
São Paulo
(
Jabaquara
),
♀
,
14.X.1945
,
Nick
col. (
MZUSP
); (
Brooklin Paulista
)
,
♀
,
03.
VIII
.1963
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
); (
Ipiranga
)
,
♀
,
20.
XI
.1936
,
F. Lane
col. (
MZUSP
)
.
Paraná
:
Guarapuava
,
♀
,
I.1959
,
I. Schneider
col. (
MZUSP
)
;
Londrina
,
2 ♂♂
,
VII
.1944
,
B. Pohl
col. (
MZUSP
)
;
Ponta Grossa
,
♀
,
I.1939
,
Camargo
col. (
MZUSP
)
;
♀
,
III
.1939
,
Camargo
col. (
MZUSP
)
;
2 ♂♂
, 1940,
P. Machado
col. (
MZUSP
)
;
Rio Negro
, (
IRSN
)
;
♂
,
11.
XI
.1936
,
F. Plaumann
col. (
IRSN
)
;
♀
,
23.
XI
.1936
,
F. Plaumann
col. (
IRSN
)
;
♂
,
I.1937
,
B. Pohl
col. (
MZUSP
)
;
♀
,
15.
XI
.1937
,
F. Plaumann
col. (
MZUSP
)
;
♀
,
IX.1939
,
B. Pohl
col. (
MZUSP
)
;
♂
,
X.1939
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
2 ♂♂
,
6 ♀♀
,
XII.1939
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
♀
,
I.1940
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
2 ♀♀
,
IV
.1940
,
B. Pohl
col. (
MZUSP
)
;
♀
,
IX.1940
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
♂
,
2 ♀♀
,
XI
.1941
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
2 ♀♀
,
XI
.1941
,
B. Pohl
col. (
MZUSP
)
;
3 ♂♂
,
10 ♀♀
,
X.1951
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
5 ♂♂
,
4 ♀♀
,
28.X.1951
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
4 ♂♂
,
♀
,
X.1961
,
F. Plaumann
col. (
MZUSP
)
;
6 ♂♂
,
8 ♀♀
,
X.1965
, [sem nome do coletor] (
MZUSP
)
;
7 ♂♂
,
5 ♀♀
,
X.1966
,
F. Plaumann
col. (
MZUSP
)
;
3 ♂♂
,
5 ♀♀
,
XI
.1966
,
F. Plaumann
col. (
MZUSP
)
;
3 ♂♂
,
2 ♀♀
,
XII.1966
,
F. Plaumann
col. (
MZUSP
)
;
♀
,
XI
.1972
,
F. Plaumann
col. (
MZUSP
)
;
♂
,
VIII
.1973
,
F. Plaumann
col. (
FSCA
)
;
2 ♂♂
,
IX.1973
,
F. Plaumann
col. (
FSCA
)
;
♀
,
X.1973
,
F. Plaumann
col. (
MZUSP
)
;
2 ♂♂
,
♀
,
01.X.1973
,
F. Plaumann
col. (
FSCA
)
.
Rio Grande do Sul
:
Porto Alegre
,
♀
, 1927,
P. Buck
col. (
MZUSP
)
.