Revisão do gênero Antiteuchus Dallas (Heteroptera, Pentatomidae, Discocephalinae)
Author
Fernandes, José Antônio Marin
Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Rua Augusto Corrêa nº 1, 66075 - 110 Belém, PA, Brasil
Author
Grazia, Jocélia
Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Bento Gonçalves, 9500, bloco IV, Prédio 43435, 91501 - 970 Porto Alegre-RS, Brasil.
text
Revista Brasileira de Entomologia
2006
2006-06-30
50
2
165
231
journal article
10.1590/S0085-56262006000200004
55f509e1-126e-4287-9d18-15a58208e041
3966045
Antiteuchus macraspis
(
Perty, 1834
)
(
Figs. 281–287
,
310
)
Pentatoma macraspis
Perty, 1834: 166
, pl.33, fig. 7.
Dinocoris macraspis
;
Burmeister, 1835: 364
;
Lethierry & Severin, 1893: 86
(catálogo); Distant, 1889: 323-324 (suplemento), pl. 29, fig. 19.
Dinocoris annulatus
Hahn, 1835
: vol 3, 66
, fig. 279
.
Cataulaxmacraspis
;
Amyot & Serville, 1843: 112
(nec Spinola).
Antiteuchus annulatus
;
Dallas, 1851: 163
.
Dinocoris (Dinocoris) macraspis
;
Stål, 1872: 7
.
Neodine macraspis
;
Kirkaldy, 1909: 218
(catálogo).
Antiteuchus
(
Neodine
)
macraspis
;
Ruckes, 1961: 153
;
Ruckes, 1964: 59
(chave), 60-61, figs. 13-14;
Becker & Grazia-Vieira, 1971: 22
(lista);
Engleman & Rolston, 1983: 176
.
Medidas (n=20): comprimentototal- 9,7-12,0; larguratotal- 6,1-7,2.
Corpo levemente giboso, coloração dorsal amarela a amarelo-escura. Pontuação concentrada em linhas sinuosas longitudinais, raramenteem linhas transversais, enão formando agrupamentos irregulares.
Artículos antenais
II
e
III
apresentam setasentre as sétulas. Segmentos antenais Ie
II
amarelos a castanho-claros. Segmento
III
amarelo a castanho-claro com uma parte negra. Segmento
IV
e
V
negros com ou sem um pequeno anel basal amarelo. Em alguns exemplares ocorre uma mancha amarelopálidano ápice dos segmentos
III
e
IV
e na metade basal do
V
. Segmentos em ordem crescente de comprimento:
II
; I; III-V subiguais.
Rostro amarelo a amarelo-escuro. Hemiélitro com ápice ultrapassando a extremidade posterior do corpo; pontuação distribuída em faixas longitudinais castanhas a castanhoescuras. Escutelo com ápice agudo ultrapassando a extremidade do corpo; pontuação distribuída em faixas longitudinais castanhas a castanho-escuras. Ventralmente o tórax apresenta-se amarelo a amarelo-escuro com pontuação esparsa e recobertapor manchas castanhas. Área evaporatória castanha. Ruga ostiolar amarela. Mesopleuracom umpequeno calo amarelo-pálido. Metapleura sem um calo amarelo junto à margem externa. Pernas amarelas a castanho-claras e imaculadas. Tíbias apresentando alguns pêlos com comprimento maior que o diâmetro do segmento. Conexivo amarelocom pontuação recoberta por manchas castanhas que podem ou não recobrir os ângulos laterais externos de cada segmento. Coloração dorsal do abdome amarela à amareloescura. Face ventral do abdome amarela; entre os tricobótrios eo ângulo póstero-lateral decada segmento, ocorreum número maior de manchas castanhas que podem formar, em alguns casos, uma única mancha oblíqua. Pode ou não ocorrer uma manchaamarelo-pálida aoredor decada espiráculo. Urotergito VII com um par de projeções arredondadas, espessadas e com textura diferenciada na região mediana entre o processo e a margem do urotergito VII. Estas projeções limitam a distribuição de uma fileira de pêlos à região mediana do urotergito VII. Parte livre do processo mediano longa, larga, plana e curvada póstero-ventralmente; ápice levemente expandidoe suavemente enrugado, margemposterior com uma lígula membranosabem desenvolvida. Membranacomlargura constante (fig. 281).
Pigóforo amarelo-escuro. Escavação do bordo dorsal quase duas vezes maislarga que profunda (fig. 282). Projeções laterais aosegmento X dentiformes. Processo superior do bordoventral grande, arredondado, com a margem curvada ventralmente e negro, apresentando ainda uma pequena escavação na base. Em vista posterior, é possível ver uma grande concavidadena margem, ondeencaixa-seo parâmero. Regiãomediana alta, levemente convexa transversalmente e inclinada posteriormente, margemsuperior biconvexae tão larga quanto a extremidade do segmento X (fig. 283). Região lateral da superfície ventral, juntoao ângulo póstero-lateraldo pigóforo, comum tufo denso de pêlos longos. Abaixo da região mediana ocorre umaárea côncava sem elevação central. Ângulo pósterolateral do pigóforo 1,2 vezes mais longo que largo em vista lateral (fig. 284). Ângulo pouco mais longo que a área esclerotizadado segmento X. Face interna plana e com alguns sulcos longitudinais. Facedorso-lateral côncava. Faceventral plana e sem pontos.
Cabeça doparâmero (figs. 285-287) compostapor 4 lobos. Dorsal reduzido e cônico; carena dorsal quase inconspícua e evanescenteantes da base do lobo dorsal. Lobo lateral interno amplo, longo, delgado, largo, afilado em direção ao ápice e curvado posteriormente. Lobo lateral externo largo, triangular e curvado anteriormente. Lobo ventral triangular, levemente convexo transversalmente, reto ecom ápice dirigido para base do ângulo póstero-lateral do pigóforo.
Segmento X semicilíndrico; região látero-posterior intumescida e dirigida posteriormente, formando ou não um pequeno tubérculo (fig. 282). Face posterior levemente convexa. Área membranosa dorsal atingindoa metade da parte esclerotizada do segmento.
Holótipo
macho
. “
Provincia St. Pauli
” (
ZSMC
).
Solicitou-se o tipo mas nunca houve resposta do curador da coleção.
Ruckes (1964)
examinou o tipo e identificou muitos exemplares que, por sua vez, foram examinados neste trabalho.
Distribuição
: Costa Rica, Guapiles. Panamá,
Canal Zone
: Lago Gatún, Barro Colorado Isl., Coco Solo Hospital. Colômbia,
Huila
: Gigante. Venezuela,
Araguá
: Maracay;
Carabobo
;
Tachira
: San Antonio, Rio Frio;
Amazonas
: San Carlos de Rio Negro. Suriname,
Nickerie
: Sipaliwini. Guiana Francesa. Brasil,
Amazonas
: Manaus, Estirão do Equador;
Pará
: Tomé-Açú, Bragança;
Rio Grande do Norte
: Natal;
Paraíba
: Mamanguape;
Ceará
: Fortaleza;
Pernambuco
;
Mato Grosso
: Parecis;
Bahia
: Salvador;
Riode Janeiro
: Riode Janeiro;
São Paulo
: Bálsamo, Jabuticabal, Ibitinga. Perú,
Madrede Dios
: Reserva Rio Tambopata-Puerto Maldonado.
Comentários
: Os exemplares analisados pertencem às coleções da
CASC
,
DZUP
,
IBSP
,
INPA
,
IZAV
,
MPEG
,
MZSP
,
RMNH
,
UFRG
e
NMNH
. Esta espécie pode ser identificada pela membrana do urotergito VII com largura constante; pelo lobo dorsal do parâmero reduzido e cônico; pelo lobo lateral interno amplo, longo, largo, afilado em direção ao ápice e curvado posteriormente; pelo loboventral triangular, levementeconvexo transversalmentee reto; pelo segmento X com a região látero-posterior intumescida e dirigida posteriormente, formando ou não um pequeno tubérculo; pela faceventral do abdome com um grande número de manchas castanhas que podem formar, em alguns casos, uma única manchaoblíqua entreos tricobótrios e o ângulo póstero-lateral de cada segmento.
A. macraspis
compartilhacom
A. schuhi
e
A. variegatus
a pontuação dorsal concentrada em linhas sinuosas longitudinais recobertas por faixas castanhas a castanho-escuras; a coloração geral amarelo-clara; o escutelo com ápice agudo ultrapassando a extremidade do corpo; a fileirade pêlos do urotergito VIIrestritos a sua região mediana, distribuiçãolimitada pelas projeções espessadas; o hemiélitro com ápice ultrapassando a extremidade posterior do corpo; o processo superior do bordo ventral do pigóforo com uma pequena escavação na base.
A. macraspis
e
A. schuhi
têm em comum o 1/3 posterior do disco pronotal com a pontuação interligada por faixas negras.