Revisão e análise cladística de Serdia Stål (Heteroptera, Pentatomidae, Pentatomini)
Author
Fortes, Nora Denise Fortes de
Faculdade de Biologia Universidade Luterada do Brasil, Rua Miguel Tostes 101, 92420 - 280 Canoas-RS, Brazil
noraento@terra.com.br
Author
Grazia, Jocélia
Departamento de Zoologia Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Prédio 43435, Av. Bento Gonçalves 9500, 91501 - 970, Porto Alegre-RS, Brazil
jocelia@ufrgs.br
text
Revista Brasileira de Entomologia
2005
2005-09-30
49
3
294
339
journal article
10.1590/s0085-56262005000300002
627475fb-1f23-40a1-9ca1-eea335a3aac9
3906364
Serdia limbatipennis
Stål, 1860
(
Figs. 8
,
25
,
40
,
55
,
73
,
87
,
102
,
110
)
Serdia limbatipennis
Stål, 1860: 26
(descrição);
Stål
1872
: 45
(redescrição, catálogo);
Lethierry & Severin,
1893
: 179
(catálogo).
Serdia (Serdia) limbatipennis
;
Kirkaldy,
1909
: 141
(catálogo);
Buckup,
1961
: 12
(registro de ocorrência);
Becker,
1967
: 96
(redescrição, chave);
Thomas & Rolston,
1985
:
1166
(chave).
Machos. Medidas (n=3). Comprimentototal 11,3 (12,4-10,5) 0,4; larguraabdominal 5,4 (6,8-5,2) 0,1; comprimentodacabeça 1,9 (2,1-1,8) 0,1; larguradacabeça 2,4 (2,6-2,3) 0,06; comprimento dos artículos antenais I 5,4 (6,0-5,1) 0,06; II 0,5 (1,0-0,9) 0,06; III 1,3 (1,3-1,1) 0,1; IV 1,2 (1,3-1,0) 0,1; V 1,4; comprimento do pronoto 2,3 (2,6-2,1) 0,06; largura anterior do pronoto 2,6 (2,8-2,5) 0,1; largura posterior do pronoto 5,4 (6,0- 5,3) 0,1; comprimento do escutelo 3,9(4,5-3,7)0,1; largura do escutelo 3,1(3,7-3,0)0,1.
Descrição. Forma ovalada, com margens abdominais quase paralelas, coloração castanho-clara a castanho-escura pontuações densas de coloração castanho-escuras. Cabeça com margem anteocular sinuosa, ápice levemente estreitado, margem externa das jugas moderadamente convergentes em direção ao ápice, podendo ser contíguas adiante do clípeo ou então deixando uma estreita fenda. Pontuações castanhas, menores junto as margens laterais das jugas e maiores no restante. Ocelos circundados na margem interna por uma pequena mancha castanho-escura ecom inúmeras pontuações. Primeiro segmento amarelado e com pontuações negras bem como o 2
o
e o 3
o
, 4
o
totalmente negro e dilatado (
Fig. 102
), 5
o
amarelado. Rostro atingindo o terço posterior do mesosterno. Pronoto margens ântero-laterais suavemente curvas e crenuladas, ângulos umerais arredondados, não desenvolvidos. Superfície densamente pontuada, pontuações castanhas, menoresao longo da margemanterior, ântero-laterais e ao redor das cicatrizes. Cicatrizes concolores. Escutelo com margem apical não emarginada e 1+1 linhas negras nos bordos laterais (em alguns exemplares é muito sutil). Superfície homogeneamente pontuada, exceto no ápice onde as pontuações são menores e mais densas. Pequena área arredondada amarelada no centro damargem basal. Hemiélitro com pontuações castanhas, moderadamente densas e uniformes; no exocório são menores, mais densas na margem interna doterço posterior. Mancha discal concolor. Superfície torácica ventral de coloração mais clara, pontuações castanhoescuras maiores medianamente e mais esparsas. Uma faixa longitudinal larga situada medianamente nas pleuras com pontuações menores, densas e enegrecidas. Segmentos do conexivo amplamente expostos, âmbar, pontuações concolores em todos os segmentos, 7
o
segmento com a diagonal posterior enegrecida e com pontuações castanhas. Ângulos pósterolaterais projetados em pequeno dentículo negro, mais visível no 7
o
segmento. Superfície ventral do abdome de coloração castanho-escuraa amarelada, moderadamente pontuada, pontuações castanhas. Espinho mediano do 3
o
segmento abdominal agudo. Pernas amareladas com pontuações castanhas, esparsas sobre os fêmures e tíbias.
Figs. 79-82. Fêmeas: placas genitais, vista ventral. 79,
Serdia lobata
; 80,
S. costalis
.; 81,
S. calligera
;
82,
S. maculata
,
sp. nov.
;
ep=espinho.
Figs. 83-86. Fêmeas: laterotergitos 9, gonocoxitos 9, gonapófises 9 e vias genitais ectodérmicas, vista ventral. 83,
Serdia concolor
; 84,
S. indistincta
,
sp. nov.
; 85,
S. beckerae
; 86,
S. rotundicornis
; caa=crista anular anterior, cap=crista anular posterior, ch=
chitinellipsen
, cs=
capsula seminalis
, dr=
ductus receptaculi
, eiv=espessamento da íntima vaginal, g9=gonapófise 9, gc9=gonocoxito 9, la9=laterotergito 9, pco=
pars comunis
, pi=
pars intermedialis
, X=décimo segmento.
Genitália. Pigóforo decontorno quadrangular, globoso, taça genital parcialmente aberta, ventralmente com pontuações castanho-escurasuniformemente distribuídas no terço apical, nesta área de coloração castanho-clara a amarelada, restante castanho-escura. Ângulospóstero-lateraisem “U” levemente aberto. Bordo dorsal fortemente sinuoso, delineado de negro de cada lado do 10
o
segmento, medianamente com 1+1 processos laminares convexos apicalmente situados próximo aos ângulos póstero-laterais e 1+1 processos digitiformes situados lateralmente à base do 10
o
segmento. Parede da taça genital desde os ângulos póstero-laterais até próximo aos processos digitiformes totalmente crenulada e escurecida, formando uma aba próximo aos ângulos póstero-laterais recoberta porum tufo de pêlos (
Fig. 8
). Bordo ventral em “V” aberto, medianamente com uma ruga suavemente delineada de negro apicalmente; bordoventral fortementeprojetado para o ladodorsal (fig 25). Décimo segmento subretangular situado perpendicularmente ao plano sagital (
Fig. 8
). Parâmeros subcilíndricos, projetados perpendicularmente ao plano sagital, deprimidos lateralmente, contorno dorsal com uma expansão lobada, rugosa e com um pequeno dente na base voltado para a expansão lobada e sustentando um tufo de pêlos (
Fig. 40
).
Phallus.
Vésica em tubo cilíndrico, com menos de 1/3 do comprimento da
phallotheca
; processo laminar, reduzido em golaque envolvea base do
ductus seminis distalis,
este muito curto. Gonoporo secundário em calha (
Fig. 55
).
Fêmea semelhante ao macho, exceto no comprimento do cório que atinge a margem posterior do 5
o
segmento abdominal (
Fig. 110
). Medidas (n=5). Comprimentototal 12,2 (12,8-11,8) 0,3; larguraabdominal 6,3 (6,4-6,2) 0,1; comprimentodacabeça 2,2; largura da cabeça 2,7; comprimentodos artículos antenais I 0,6 (0,7-0,6) 0,1; II 0,3 (0,4-0,2) 0,1; III 1,5 (1,6-1,4) 0,1; IV 1,3 (1,4-1,2) 0,1; V falta; comprimentodopronoto 2,5 (2,5-2,4) 0,1; largura anterior do pronoto 2,9 (3,0-2,9) 0,1; largura posterior do pronoto 6,1 (6,2-5,9) 0,1; comprimento do escutelo 4,4 (4,5- 4,4) 0,1; largura do escutelo 3,5 (3,5-3,4) 0,1.
Genitália. Superfície das placas genitais moderada e uniformemente pontuada. Sétimo segmento com margem posterior côncava sobre os gonocoxitos 8. Laterotergitos 8 subtriangulares, subiguais em comprimento aos laterotergitos 9, bordo posterior sub-retilíneo com um pequeno espinho projetado medianamente, em alguns inconspícuo. Laterotergitos 9 subtriangulares, ápice arredondado e sutilmente ultrapassando a banda que une dorsalmente os laterotergitos 8. Gonocoxitos 8 subquadrangulares de comprimento longitudinal subigual aoslaterotergitos 9, moderadamente convexos com ápice direcionado posteriormente, bordos suturais subparalelos em quase toda a sua extensão, divergindo no terço posterior em forma de um pequeno “V” aberto, nesta região com uma faixa negra castanho-escura (
Fig. 73
). Décimo segmento quadrangular. Gonapófise 9 com espessamento da íntima vaginal parcialmente esclerotizado em anel.
Chitinellipsen
situadas lateralmente ao espessamentoda íntima vaginal. Comprimento do
ductus receptaculi
na região anterior e posterior a área vesicular aproximadamente igual. Cristas anulares anterior e posterior convergentes,
pars intermedialis
ovalada.
Capsula seminalis
arredondada com três dentes recurvos, dois ultrapassando a crista anular anterior e um menor, todos surgindo da porção médio-basal (
Fig. 87
).
Distribuição.
Brasil
:
Minas Gerais
,
Riode Janeiro
,
Santa Catarinae
Rio Grandedo Sul
.
Marterial examinado.
Holótipo
fêmea
, com as etiquetas: a)
Brasil
; b)
F.Sahlb
; c)
Type
; d)
Typus
. (
NHRS
)
.
Parátipos
:
BRASIL
:
Minas Gerais
:
Serra do Caraça
,
macho
e
fêmea
,
III-1963
,
F. Werner, U. Martins, L. Silva
(
MZSP
)
;
Santa Bárbara,
Serra do Caraça
,
1.450m
,
macho
e
fêmea
,
I-1970
,
F.M. Oliveira
(
AMNH
)
;
Santa Bárbara,
Serra do Caraça
,
1.450m
,
macho
em
fêmea
,
III-1971
,
F.M. Oliveira
(
AMNH
)
;
Santa Catarina
:
Mafra
,
fêmea
,
XII-1959
, coll. MRCN
no
3562, s/ col., (
MCNZ
)
;
Nova Teutônia
, 27
o
11’B 52
o
23’L,
300-500m
,
macho
,
18-X-1963
,
Fritz Plaumann
(
DARC
)
;
Nova Teutônia
, 27
o
11’B 52
o
23’L,
300-500m
,
macho
,
XII-1973
,
Fritz Plaumann
(
DARC
)
;
Nova Teutônia
, 27
o
11’B 52
o
23’L,
300-500m
,
macho
e
fêmea
,
II-1974
,
Fritz Plaumann
(
DARC
)
;
Rio Grandedo Sul
:
Torres
,
2 fêmeas
,
15-XI-1974
, coll. MRCN
nos
8732 e 8734,
A. Lise
leg. (
MCNZ
)
.
Comentários. Ogrupo
S. limbatipennis
+
tem sua monofilia sustentada pela sinapomorfia, espinho do 3
o
segmento abdominal em ângulo reto ou obtuso, além de duas homoplasias, terço mediano do bordo dorsal do pigóforo com processos e bordo ventral do pigóforo, medianamente, com estrias enegrecidas.
S. limbatipennis
diferencia-se das demais espécies do gênero, morfologicamente, pelo comprimento do cório queatinge amargem posterior do 5
o
segmento abdominal, nas fêmeas e nos machos, pelo bordo dorsal do pigóforo fortemente sinuoso, com 1+1 processos laterais laminares e 1+1 processos digitiformes junto aos ângulos basais do 10
o
segmento.